domingo, 5 de dezembro de 2010

Precisamos de um Lider

O País precisa urgentemente de um líder! Capaz de dizer NÃO aos mercados, dizer NÃO à Europa, dizer NÃO ao FMI, e dizer VAMOS FAZER O CERTO! E FAZER!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Conspiraçõezinhas às 20h.


A pedido dos inúmeros fãs deste blog decidimos voltar à produção de conteúdos e satisfazer assim a necessidade de leitura que Portugal sente neste momento tão particular.

Teoria da conspiraçao:

Uma teoria engraçada que serve para alimentar audiências em dias de calor e poucas noticias.

Sujeito: TVI - Canal conhecido por editar e manipular reportagens ao sabor do seu interesse, relembro o famoso caso da senhora de caçadeira na mão no Alqueva ou mesmo o cerco à casa de Vale e Azevedo para filmar a empregada a sair e entrar com sacos de compras (suspeitos) e quem sabe até portadores do virus que "vai matar toda a gente".

O pais é Portugal a altura, Verão. As noticias, escassas, muiiiiiiiiiiiiiito escassas.

O que é que vende no Verão?

- Dietas
- Praias cheias
- Queimaduras solares
- Afogamentos
- FOGOS FLORESTAIS

Pois bem...PROVAS:

Temos fogos florestais provocados por engenhos interessantes de longo alcance, nomeadamente pequenos fogetes e afins, NÃO temos interesse económico como madeira ou outros em grande parte dos fogos ocorridos. Suspeitos? os do costume, pastores, o maluquinho da terra, etc...

Conclusão:

Pois eu creio afincadamente que certos canais de televisão pagaram para fazer arder Portugal para que vocês, pequenino povo, pudessem olhar para os ecrâs horrorizados enquanto no intervalo se vendia alguma publicidade-zinha.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Portugal Bruto, Democracia Liquida

Bem, eu quis esperar pelo fim de Janeiro para ter tempo de ver se algo realmente mudou... Surpresa! Mudou! Mas só para mim, uma pequena infecção urinária e alguns pontos negros mais tarde, Portugal, esse sítio, continua na mesma.

Vamos então mudar isso e por a carroça a andar... Abrem-se aqui as hostilidades, 2008 é o ano da mudança... MUAHAHAHAHA...(Riso maléfico).

Grande parte deste conceito encontrei através do Google e Wikipédia (que se sabem não ser de muita confiança), mas se pensarmos um bocado não parece assim tão impossível aplicar isto.

Comecemos então com um nome, Vallentuna, seguido de outro nome, Democracia Liquida, pais, Suécia, ano? 2000...

Tenho vindo a ler algumas coisas sobre este assunto e acredito que se neste momento conseguisse as 7.000 assinaturas para fundar um partido, ganharia as eleições.

Com uma promessa simples:

- Acabar com o poder representativo e dar o voto aos cidadãos.

Suécia, numa cidade chamada Vallentuna, 2002, esta promessa conquistou um mandato para uma jovem de 19 anos (Parisa Molagholi) com apenas este objectivo. Definir uma democracia digital para o município. Apesar de ser diferente da solução que pretendo para Portugal, pois só elimina a representatividade a nível intra-partidário, começou finalmente por funcionar e foi tentando estudar tecnologicamente o processo. Só este ano na Suécia são esperados mais 5 partidos de Democracia Digital, a bola de neve começou a rolar, esperemos que não bata em nenhuma árvore.

Imaginemos um cenário:

Portugal 2010 - Uma Odisseia no ...hmmm... Tejo?

O partido d’Os Azuis (reconhecido partido Ecológico, sem esquerda nem direita mas, sim, de cima) ganha as eleições com a sua promessa de campanha, a qual visa acabar com o poder representativo e implementar o voto directo para todas as iniciativas e leis, acabar com a Assembleia da República e prometer ao longo de dois mandatos entregar o direito de voto de volta ao cidadão.

Para isso propôs um programa de voto tecnológico no qual se destacam dois conceitos:

- Associação livre
- Procurador delegável


Sendo que usando a tecnologia disponível na actualidade e desenvolvendo outras, especificas, seria possível após 4 anos entrar em período de testes neste novo Portugal


Associação Livre:


Como o próprio termo o diz, implica a associação livre de ideias e consequente voto sem as burocracias habituais de formalização de entidades, independentemente do tamanho das mesmas. Depende apenas de cada um saber se concorda com a opinião do próximo e votar em concordância ou não, uma certa iniciativa.


Procurador delegável:


Entendendo que cada cidadão é competente e merecedor de confiança em certa área ou não, o voto em determinada questão pode ser delegado a um procurador/conselheiro quer seja ele partidário ou não, o vizinho de cima ou de baixo ou simplesmente o amigo que percebe disto ou daquilo, voto a voto. Permitindo assim delegar votos nos quais não estamos confiantes de tomar a decisão certa a quem confiamos para tomar essa mesma decisão.
Somos livres, no entanto de votar por nós próprios em qualquer das iniciativas, se discordarmos do nosso procurador e/ou escolher outro conselheiro. Podemos também escolher não ser conselheiros de quem depositar a confiança em nós.


Aplicação Prática (futuro):


Hoje em dia conseguimos pagar as contas numa caixa de multibanco, ou até mesmo no telemóvel, acedemos a informação banal, trivial através da miríade de meios aos quais confiamos diariamente as nossas decisões e aflições. Alguns desses sistemas são mais seguros do que outros, mas da mesma maneira que ninguém sabe o nosso código de cartão de crédito, suspeito que não será difícil manter o nosso voto secreto electronicamente.

O partido D’os Azuis ganhou as eleições com maioria absoluta, passaram dois anos. Conseguiu alterar a constituição em face de prever a aplicação deste novo tipo de democracia.

A Assembleia da República foi dissolvida, remetendo os partidos, incluindo o próprio, ás suas sedes e ao estatuto de conselheiros. Sendo assim é elaborado um sistema de consulta/referendo publico apoiado num sistema parecido ao SIBS dos bancos, por exemplo, e é neste momento votar leis e iniciativas, tão simples como pagar a conta da luz ou telefone. Para quem tem Internet, poderá responder por e-mail.

As propostas de lei são efectuadas de acordo com as percentagens de votos das eleições nacionais, Cabendo ao partido d’Os Azuis “fabricar” 60% das leis desse ano, 20% ao seguinte partido, 10% ao próximo, e por ai em diante.

- No futuro cidadãos, poderão eles próprios, submeter leis a referendo nacional, para ai caminhamos.

Na votação de uma lei, é feita ao cidadão uma pergunta, na qual terá quantas respostas quanto as propostas feitas pelos partidos em relação a essa lei, SENDO IMPERATIVA a opção de VOTAR CONTRA a aplicação da lei em questão, essa opção está SEMPRE disponível em todas as consultas ou referendos.

- Futuramente os conselheiros pessoais delegados poderão também aconselhar os “amigos” tecnologicamente, aparecendo directamente a sua proposta de voto no e-mail do cidadão votante, mas por agora ficamos pela campanha tradicional e conversa de café.

Deverá também ser aplicado um sistema de ranking de confiança, designado pelos cidadãos para evitar que grandes conselheiros mudem a intenção de voto à ultima da hora, jogando assim com a sua influência para tirar outros proveitos ou compensações. Se bem que, sendo um sistema aberto e sabendo que tudo vem ao de cima, mais cedo ou mais tarde a confiança de opinião publica será um facto determinante em erradicar estes comportamentos, pois o poder continuará a ser do cidadão.


Vantagens:


- Curar o pessimismo português.

- Parar com a atribuição de culpas, tão típica portuguesa. Quem quiser mudar, PODE MUDAR o estado das coisas.

- Eliminação de custos supérfluos, cabendo a nossa representação ao governo eleito, apenas.

- Eliminação do cacique pequeno.

- Restrição do lobbying.

- Estimular a participação política activa e discussão no dia-a-dia.

- Melhorar a competência dos partidos, todos teriam de trabalhar para soluções em vez de criticas. Todos governam, logo teriam de mostrar que REALMENTE fazem a diferença e assim conseguir os votos nas eleições, não depender apenas dos apoios do betão ou outros.

...


Desvantagens:


- Facilidade dos grandes grupos em mudar votos para proveito próprio, tendo de ser previstas consequências graves para quem tentar fazer o mesmo, um pouco á imagem da Bolsa de Valores.

- Perigo de “Loops” na delegação de votos. Imaginando que o cidadão A delega o voto a B, este delega a C, e este volta a delegar a A. Mas este efeito é facilmente anulável informando os cidadãos de que terão de tomar a decisão por eles próprios nessa matéria ou pedindo para delegar o voto a outro conselheiro.

...

O cartão de identificação único está ai a porta, a SIBS já nos deixa fazer tanta coisa, mais umas perguntinhas, não custa nada. Por telemóvel, nem se fala, já fazem tudo, nem que fosse por SMS, como os bancos fazem com os códigos para as transferências. Os votos seriam feitos mensalmente, questões mais pesadas e a necessitar de debate (aeroportos e tal...) teriam um prazo mais alargado, parece-me bem!
E assim meu caro Portugue-zinho, já não te podias queixar, não era?

Intervenção Urbana Anónima!


--> Instalações Sanitárias do Centro Comercial Alegro

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Cinema para mim

A minha relação com o cinema, onde tento trabalhar hoje em dia, mas que sinceramente prefiro apenas apreciar


O cinema como qualquer outra arte para mim é sentimento. Se sinto, sinto... se não sinto, não tento arranjar provas filosóficas para tentar explicar o que devia, ou não, sentir ou pensar. Ou me faz pensar ou me faz sentir, se fizer as duas coisas já não está mau.

O que me emociona nos filmes são valores e virtudes, Inocência, nobreza, capacidade de sacrifício, injustiça...tantos ...é claro...o amor (já que se fala de sacrifício), qualquer um destes com a luz certa e situação certa me fazem rir, chorar, pensar.

Cada vez mais acredito que se se vir suficientes filmes de amor, ao longo de uma vida, a esperança desse mesmo amor aparecer, não morrerá. Tendo em conta também que para mim os filmes serviram sempre como treino para algo que, a acontecer, será parecido (será assim tão ridículo pensar assim? Não se eu assim o desejar).

Da comédia à tragédia, da psicose à ignorância. Eu sei que estou a apontar bastante alto mas devido à variedade existente escolho um que me marcou BASTANTE, e nem tudo são rosas neste filme. Mas sinto que se conseguir sentir um décimo do que senti ao ver este filme vou ficar bem.

Venho aqui escrever-vos sobre um dos melhores filmes que vi.

"A woman under the influence", 1974, de John Cassavetes, com Gena Rowlands e Peter Falk.

Escrevo sobre este filme pois mudou completamente a minha maneira de ver cinema, não porque fala da sociedade, do que é "normal" ou não, da inocência ou simplesmente de amor, mas porque fala de duas pessoas e da sua vida, como nunca outro filme me falou.

Eu estou neste momento num 3º estado de observação e pensamento cinéfilo. O primeiro estado foi o normal, o que a maioria das pessoas sem formação no assunto assimila quer queira quer não. Pensado mas não muito.

Passei para um 2º estado quando a meio do meu curso de cinema e tendo já uma percepção bastante abrangente da técnica e visto filmes que a maioria das pessoas nem sonha, me apercebi que ver cinema era algo mais do que passar tempo, era uma enorme oportunidade de meditar e acreditar na visão de 1001 pessoas diferentes, enriquecer as emoções, quer estas estivessem bem escritas ou não, bem realizadas ou não, mas sobretudo com histórias diferentes para contar, muitas delas parecidas com a minha.

Um dos filmes que me ajudou bastante a atingir este 2º grau de percepção foi "2001, Odisseia no espaço" de Stanley Kubrick, falo deste filme pois adormeci as duas primeiras vezes que tentei vê-lo! e admitindo que se tem de estar no estado de espírito certo para ver certo tipo de filmes, foi um filme que me marcou por me apaixonar mais a cada vez que o vejo. Dá-me sempre ideias novas e algo mais que ainda hoje em dia não percebo. Tendo tirado o curso há já 4 anos pensei que pouco mais me maravilharia a ponto de mudar a minha percepção do cinema como arte, estava redondamente enganado.

Para simplificar, tudo antes de passar ao 3º estado eram "histórias", com este filme, grande parte das minhas antigas paixões morreram e nenhuma nasceu até hoje. O "2001" ainda continua lá, assim como muitos outros, mas esses outros, até tive de fazer agora um esforço para me lembrar dos nomes deles, talvez provando que algo realmente mudou na minha maneira de ver cinema. já não são interessantes, falta-lhes sumo!

"A woman under the influence" faz me pensar que todos os outros filmes não passam de histórias com seguimentos, actos, conclusões, de muito bom a muito mau, mas não passam disso.

Este filme é uma vida! e um bocado à semelhança de um bom vinho, vive connosco e será diferente em qualquer dia que o vejamos, ou que abramos a garrafa. Faz parte de um cinema realista que só agora comecei a explorar, mas foi mais do que isso para mim, foi imprevisível, deslumbrante, com duas das melhores interpretações que já vi, TOCOU-ME profundamente.

Também tem história pois o cinema raramente vive sem isso, mas de uma perspectiva tão humana que espero que todos os filmes que eu volte a ver até ao fim da minha vida sejam sobre aquele casal. TOCOU-ME também como cidadão de uma sociedade formatada pelos meus antepassados, pela rebeldia, onde o meu sentimento de liberdade é espacial e raramente mental. Fala-se muito, faz-se pouco. Com uma história tão simples como "Uma dona de casa maluca..." fez-se aqui uma obra de arte de valor incalculável, especialmente porque eu nem estava em nenhuma variação de humor particular quando o vi, o que às vezes altera-me um bocado a percepção.

Grande parte dos filmes de hoje em dia são plásticos, um bocado à semelhança com a nossa vida, e estou neste momento a odiar-me por escrever isto, mas é infelizmente verdade. Não passam de corridas sentimentais fáceis e muito bem estruturadas, tudo é previsível, quando temos a sorte de serem imprevisíveis, e não me refiro aqui só no final, já o vimos antes, não sabemos nem bem onde, nem porquê, mas já vimos antes.

Este filme é imprevisível de uma ponta à outra mesmo tendo um fio condutor bastante forte e previsível! mas deixando-nos vaguear in-loco até à Lua e se nos permitirmos, voltar.

Grande Cassavetes, Grande Gena e Grande Peter e GRANDES todos os outros que de alguma maneira puseram o dedo nesta obra, obrigado a todos.

Estou cansado de escrever e vocês de me lerem, vejam o filme por vocês...

...mas não o descasquem, deixem-no ser o que é PARA VOCÊS.


P.s. Não façam criticas em blogs só porque vos apetece escrever sobre filmes mesmo, MUITO, MUITO, MUITO, MUIIIIIITO BONS, é ridículo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Bom Natal...atrasado


O Natal passou e como para muitos, nem uma prenda na mei-inha claro a não ser uma indemnização-zinha por ter sido albarroado por um carro perto da Zambujeira (há 2 anos!!). Passou-se quando efectuava uma viragem à esquerda devidamente sinalizada, 3 carros parados atrás, à espera da manobra e alguém se lembra, de dizer...

- "Atão!!, mas estes palhaços tão todos parados porquê, PÁ?!!"

...e decidiu ultrapassar todos! atingindo a nossa viatura em cheio quando procedíamos à manobra.

O dinheiro veio finalmente e foi a única prenda que tive este an-inho na me-inha.

Acho que tive sorte pois ouvi dizer que neste Natal ouve muitas pessoas que nem receberam esta prenda! Pois não sobreviveram à viagem de ambulância até ao hospital.

Parece-me cada vez mais a cada dia que passa que "Palhaços" são talvez aqueles que chamam o outro de palhaço. Eu concordo e compreendo o condutor culpado do meu acidente. A reparar que nem há marcas de travagem devido ao imposto automóvel ser tão alto que já não há dinheiro para comprar carros com travões. Os "piscas" sinalizadores de mudança de direcção também são comummente deixados de lado em Portugal tornando os carros bastante mais baratos. Já em relação às buzinas, o caso muda de figura, existem várias marcas que até já fazem desconto, por isso nota-se, felizmente! Uma incrível melhoria nesse aspecto desde os finais de 19 e oitenta.

Foi assim o meu natal, pontuado por uma discussão acesa sobre o consumo de estupefacientes por parte do Pai Natal e suas renas, devido à alta poluição sonora que produziam e acompanhado de delírios ocasionais sobre o comportamento infantil.

BOM NATAL...atrasado.

P.S. A fotografia é real e foi o grande Rafael Correia, bombeiro-socorrista de Odemira que me a arranjou depois de eu ter recuperado quando acabei o meu curso intensivo de observação, planeamento e desenho de tecto hospitalar. Eu ia no banco de trás do lado esquerdo. Adivinha de que carro? Um abraço Rafael e muito obrigado pelo apoio.

Sejas bem vindo

Bem vindos meus velhos ao MEU escrito pessoal.

A FUNÇÃO: Rir, chorar, gritar, assobiar, ou simplesmente restelar... mas fazê-lo em prol de um Portugal maior e MUITA ATENÇÃO, não de um povo português maior. Isso já temos, afinal depois de tanto magusto gigante ou árvore de Natal gigante, ou centro comercial ou ponte GIGANTE!! Certamente já demos mostras de sermos realmente O MAIOR povo à face da terra. Falta-nos fazer amor uma vez por semana mas lá chegaremos quando inventarmos o maior preservativo do mundo.

E vou começar em grande a escrever para ti, sim!...SÓ para ti, pois não acredites que mais alguém leu uma única linha deste blog ultra-secreto.

e assim começa...

O COMEÇO: No entanto mesmo derrapando como um óleo pastoso até ao fundo do funil (Eu também sou português!) este povo encontra alegria nos momentos mais inesperados, como a criação deste texto pela parte do recentemente falecido Eduardo Prado Coelho. Um dos melhores diagnósticos disponíveis sobre a actual situação d'Os Lusíados, um grande abraço Eduardo, onde quer que estejas.
Sugiro também a leitura de algumas de suas crónicas, com um agradecimento ao Público por disponibilizar essa informação à borla (tão do agrado Lusiado) no seu site. Clique no titulo para aceder ás cronicas.

Precisa-se de matéria prima para construir um País


Eduardo Prado Coelho - in Público


A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguíram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver
se nos mandam um Messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO